Saiba quando os alunos não gostam da aula e veja como torná-la mais atraente.
Para a estudante Ana Cléia Carneiro de Almeida, de 19 anos, um dos principais erros dos professores é a repetição. “Eles não mudam o método, não trazem nada de novo. É sempre muito cansativo”, reclama a jovem, que acabou de completar o ensino médio. Ela lembra de um professor de matemática que explicava o tema da aula, mas a grande maioria não entendia. “Ele dizia para a gente ir à mesa dele e perguntar, mas quando a gente chegava lá ficava irritado, dizia que não ia falar a mesma coisa de novo”, relata.
Outro problema que Ana Cléia destaca é a prepotência. “É muito ruim quando o professor está errado e não admite.” A jovem conta que um docente, certa vez, passou um exercício com resultado incorreto e os alunos perceberam. “A gente falou, mas ele dizia que tava certo, insistia, sabe? Depois de um tempo percebeu o que tinha acontecido, mas mesmo assim não admitia, dizia que estava testando a gente.”
A pesquisa do professor Peruzzo confirma: “O principal erro do educador é a arrogância, que está entre os principais problemas apontados na pesquisa pelos alunos”, afirma. “O professor, muitas vezes, para se impor, quer mostrar que sabe tudo e quando não tem a resposta acaba teimando com uma posição errada.” Para o especialista, a solução é a paciência. “Com calma, ele consegue chegar mais próximo do aluno.”
Os pecados
No estudo, foram listados os maiores pecados dos professores. Depois da arrogância, vem o professor sabe-tudo, a impaciência dele, desmotivação, autoritarismo, desinteresse, prepotência, o mestre teórico, preguiça e falta de criatividade. “Todos são muito semelhantes e mostram que na maioria dos casos o grande problema é relacionado à falta de comunicação”, analisa Peruzzo.
Diante desses problemas, os alunos acabam descontraindo. “Tenho um professor que quando vai passar a lição de casa ninguém presta atenção. Ele fala baixinho, parece até mesmo que está falando sozinho, sabe? Daí a classe toda dá risada, mas ele não entende o que está acontecendo”, conta Dabbie Olivieri, de 15 anos, aluna do 2° ano do ensino médio.
No entanto, os estudantes também sabem valorizar o docente que se mostra empenhado. “Não gostava de biologia, mas tive um professor que explicava de um jeito tão legal que comecei a me interessar. Ele prendia a atenção e despertava o interesse”, diz Dabbie. Além disso, ela conta que este educador dava na seqüência uma aula e meia, mas que estava sempre preocupado em não torná-la cansativa. “Ele contava histórias sobre a biologia, explicava o porque de tudo”, lembra.
Já na opinião de Talita Santos Martins, de 15 anos, o problema não está no professor, mas sim na disciplina. “Se não gosto da matéria daí ela fica chata.” Mas admite que um professor desinteressado pode piorar a situação. “A disciplina já é cansativa e ele não explica direito. Alguns são confusos, apenas passam o texto e não explicam nada. Parece até que nem sabem do que estão falando”, reclama.
Para Talita, o professor tem que ser interessado: “Deve mostrar que está por dentro, para passar confiança para a gente. Também precisa ser dinâmico, pode trazer um jornal para a sala de aula, explicar as notícias e o que elas mudam na nossa vida, isso é legal.” E a jovem admite que já foi reclamar de professores para a diretoria muitas vezes. “Precisamos falar, pelo menos para ver se melhora.”
A estudante Francisca Elaine Costa da Silva, de 17 anos, concorda. “Não dá vontade de assistir aula de professor que não gosta do que faz, não tem vontade e não quer ensinar.” Pior ainda, relata que na rede pública de ensino há até mesmo docente que comparece apenas para assinar o ponto. “Já teve casos em que o professor apareceu, mas ficou conversando com outros professores na diretoria, nem veio até a sala”, reclama.
Virtudes
Além dos defeitos, a pesquisa do professor Peruzzo também identificou as virtudes dos professores que deixam os alunos mais satisfeitos. No topo das preferências está o domínio do conteúdo trabalhado, com 16,8% dos votos. Na segunda posição aparecem empatadas a paciência e a humildade, cada uma mencionada por 9,8% do público da pesquisa.
Na seqüência, destacada por 9,1% dos participantes do estudo, consta a capacidade de comunicação. Muitos dos que citaram esse item o associaram à qualidade dos materiais de apoio utilizados pelos professores e a excelência na oratória – ferramentas que podem facilitar a compreensão dos alunos, tornando a exposição em sala mais interessante.
Para o especialista, os resultados alcançados com a pesquisa revelam o desejo dos estudantes por uma relação mais próxima com seus mestres. “Se o professor não for empático com seus alunos, está fadado ao fracasso.”
Motivos e soluções
Veja os principais problemas apontados pelos alunos na pesquisa realizada por Marcelo Peruzzo.
1 – Arrogância: falta de humildade pode ser um problema grave. A solução é ter paciência com os alunos para que consiga chegar mais próximo deles.
Veja os principais problemas apontados pelos alunos na pesquisa realizada por Marcelo Peruzzo.
1 – Arrogância: falta de humildade pode ser um problema grave. A solução é ter paciência com os alunos para que consiga chegar mais próximo deles.
2 – Professor sabe-tudo: aquele que fala, fala e não escuta. O professor precisa perceber que a experiência do aluno também pode agregar conhecimento à aula. O ideal é ser mais humilde. “Há muitos professores que têm conteúdo, mas não sabem a forma de passá-lo. Já aqueles que têm mais articulação em aula e menos conhecimentos acabam ensinando melhor”, diz Peruzzo.
3 – Impaciência: não admite que mude uma vírgula do que programou para a aula. Se tiver amor pelo que faz, vai conseguir compartilhar melhor.
4 – Desmotivação: por motivos variados o professor não tem interesse pelas aulas. É importante lembrar da importância de transmitir o conhecimento e tentar despertar a alegria em lecionar.
5 – Autoritarismo: acha que é o grande líder, impõe o conhecimento e o respeito. Neste caso, o professor deve respeitar o aluno e mudar esse posicionamento.
6 – Desinteresse: precisa de motivação e, mais uma vez, despertar o amor pelo que faz. “Deve olhar para o aluno e lembrar que, por mais que essa seja a enésima vez que diz aquilo, esta é a primeira em que ele está ouvindo”, aconselha o professor.
7 – Prepotência: professor sem carisma. Neste caso, ele acaba fechando o canal com o aluno porque sempre tem razão. É preciso ter humildade e paciência.
8 – Professor teórico: é aquele que ignora a prática. É possível fazer uma aula atrativa trazendo o mundo real para a sala de aula.
Fonte. Revista Profissão Mestre
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