Nossas crianças
Cris Poli
A educadora mais conhecida do Brasil, Supernanny, dá sua opinião sobre algumas preocupações que os pais costumar ter em casa. Com sua visão cristã e sua experiência como pedagoga, aplicadas no programa de TV que realiza no SBT, ela dá preciosas orientações em mais um texto de sua coluna em Enfoque.
Houve uma época em que gerações eram criadas pelas próprias mães. Com a introdução da TV como meio de comunicação dentro dos lares, outras gerações passaram a ser criadas por programas infantis, como o da Xuxa e da Mara Maravilha. Atualmente, novas gerações estão sendo criadas pela internet. Diante da força da rede mundial de computadores, que espécie de adultos essas crianças se tornarão no futuro?
INTERNET
Bem administrar é a palavra-chave. Deixar de ter controle sobre tempo e conteúdo acessado pode significar uma arma de dois gumes: conhecimento impróprio em idade imprópria e fortalecimento da solidão. Isso porque o uso indiscriminado da internet pode produzir uma geração solitária que não conseguirá desenvolver um verdadeiro contato com as pessoas. Sendo assim, o conceito de amizade deverá mudar, já que as pessoas acharão que têm muitos amigos que conhecem bem, todos listados em ambientes, como MSN e Orkut. Mas essa não é uma realidade, é uma ilusão. Na internet, tudo é facilitado, incluindo as pesquisas, o que faz com que o usuário se acostume a não pensar nem avaliar o que pesquisa. Logo, se a internet não for bem administrada, poderá se tornar um mal, mais que um benefício. Cuidado, pais, estejam alertas e coloquem limites ao uso da internet.
Em meio a tantos desafios, muitos me perguntam até que idade uma criança tem conserto, até quando é possível modificar o comportamento de uma pessoa, sua personalidade ou mesmo caráter. Eu creio que quando um problema é detectado, sempre dá tempo de mudar e de consertar o que está errado. É claro que quanto mais tempo passar, mais difícil será. O período entre 0 e 7 anos é quando se forma a personalidade de um ser humano. Os primeiros anos de vida são fundamentais nesse processo de formação do indivíduo. Por isso, não devemos deixar para mais tarde a aplicação de limites e ensinamentos de valores. Se agimos com sabedoria, amor, convicção e firmeza nesses primeiros anos, as coisas serão menos difíceis depois. Há sempre uma esperança de melhora quando se toma consciência do que está errado. ESTRESSE
Outro aspecto que tem preocupado os pais é o surgimento do estresse e da depressão em seus filhos ainda tão pequenos. Esta é uma realidade crescente em muitas famílias. E penso que a cobrança dos pais, as atividades extra-escolares, o pouco tempo para brincar, o amadurecimento prematuro, a sociedade de consumo e a realidade que se vive nas grandes cidades têm, com certeza, estressado as crianças. A depressão é conseqüência desse estresse e da impossibilidade de atingir essas metas e expectativas inalcançáveis dos pais.
Uma criança triste, sem vontade de fazer algo, sem motivação, que não quer brincar, que chora com facilidade e por qualquer coisa, que só quer dormir e anda jogada pelos cantos, geralmente, é um ser humano deprimido. E isso é fácil de ser detectado porque a criança faz tudo ao contrário do que uma criança sadia e saudável faz.
LIMITES
Por outro lado, há os filhos tiranos, que não obedecem, não respeitam, sequer têm noção da hierarquia no lar. Há remédio para eles? Acredito que sim. Há remédio para todos os males. E se esses filhos são assim é porque seus pais permitiram que chegassem a esse ponto. São filhos cujos pais não exercem a devida autoridade, não têm o comando da família, mimam demais, não colocam limites, não dão a atenção necessária, sentem-se culpados pelo pouco tempo que dedicam aos filhos e concordam com tudo o que eles pedem, não respeitam e não são respeitados. Mas isso tem conserto. É preciso tomar consciência de onde está o erro e mudar. Se for preciso a ajuda de um profissional para isso, que eles tenham a coragem e a humildade de pedir.
Crianças também têm sofrido com uma alimentação errada. Elas têm feito parte de uma estatística alta em obesidade. Saber comer e o que comer também requer educação. Mas os primeiros que precisam ser educados nesse sentido são os pais. Eles são responsáveis pelo tipo de alimentação que é dada aos filhos. Minha experiência mostra que se os pais fazem uma alimentação balanceada e saudável, os filhos seguirão o mesmo caminho. Com respeito aos fast foods, tudo o que é exagerado não é bom. Incentivar esse tipo de alimentação é errado e, a curto ou a longo prazo, leva à obesidade e/ou a outros tipos de problemas de saúde. Mas proibir completamente o consumo de fast food é pretender que os filhos vivam num mundo surreal. O aconselhável, mais uma vez, é administrar, controlar e supervisionar esse consumo, pelo bem das crianças. Mas atenção: isso tem que começar pelos adultos da casa.
Sobre a merenda escolar, sigo o mesmo conceito de que alimentos saudáveis devem substituir os que prejudicam a saúde. Será ótimo incentivar o consumo de frutas, iogurtes, sucos e, aí sim, de vez em quando, colocar algum salgadinho que as crianças gostem no lanche da escola. Controle, limites, incentivo e bom senso são a chave para uma boa e nutritiva alimentação.
E quanto ao culto doméstico, há famílias que buscam a melhor forma de realizá-lo, gerando interesse na criança. Mas eu acho que tudo depende da vivência que a criança tenha de Deus em sua família. Se Deus, o culto, a leitura da Palavra e a oração fazem parte do dia-a-dia de um lar, o culto doméstico é uma conseqüência natural. Porém, se Deus e a Bíblia são coisas teóricas que não se vivem e se experimentam diariamente, o culto doméstico é mais difícil. O exemplo vivido em casa é o melhor dos incentivos.
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fonte: http://www.revistaenfoque.com.br/index. ... ateria=902
domingo, 11 de julho de 2010
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